Comentei por alto que andava fazendo entrevistas. Não sei se alguém ficou interessado e nem sei se cabe ficar falando disso, mas não vejo razão contrária.
Seguinte: durante a pandemia comecei a ter uma sensação enorme de frustração em relação ao Brasil. A forma como as coisas estavam (e, de certo modo, ainda estão) sendo conduzidas lá me deixaram muito agoniado. Não só pela preocupação com a família, amigos e colegas, mas a completa falta de perspectivas de um futuro melhor pós-pandemia. Claro, é sempre mais fácil melhorar quando se está na merda, mas os governos do Brasil 2020 (salvo algumas exceções) mostram que vivemos num poço recursivo (como vi um professor bem definir). Quando estamos no fundo do poço, cavamos e encontramos outro poço. E assim por diante.
Com esse sentimento de frustração, preso em casa pelo lockdown - e aqui não me permito não repetir: foi trancado mesmo! Aqui na Espanha não tinha essa de sair na rua se não fosse pra comprar comida ou remédio. E a polícia e o exército efetivamente controlavam quem tava na rua. E era multa. E na reincidênica, até cana. Dito isso, confirmo que fiquei em casa por até 4 dias seguidos sem nem descer até à portaria do prédio. E, nesse meio tempo, além de ler, ver filmes, desperdiçar tempo na internet, ver vídeos no youtube, comecei a enviar currículos para vagas que eventualmente recebo por email.
A idéia por trás era simples: já que já estou de licença sem remuneração por um ano, que tal arrumar algum trabalho pra poder estender a licença até os três anos máximos permitidos? Fico trabalhando em algum lugar qualquer e evito, portanto, meu retorno ao Brasil até janeiro de 2023 quando, se a distopia for interrompida, Bolsonaro não será mais presidente. Parecia uma boa ideia.
E foi assim que comecei mandando currículos. Alguns para vagas com pouca ou pouquíssima relação com a minha experiência e para outras com impressionante semelhança com o que sei fazer. E acabei conseguindo algumas entrevistas. Pra quem curte estatísticas:
O sistema em que trabalho está longe de ser uma sistema grande, mas tecnologicamente é comparável até certo ponto a sistemas maiores e mais profissionais. E essa experiência é que interessou aos meus entrevistadores. É aquele negócio, não é uma área muito comum, então não são tantas as oportunidades. Mas como não é muito comum, também não é muito fácil de achar alguém com experiência nisso. Essa é a minha conclusão empírica e estatisticamente fraca sobre o assunto.
Mas e aí, quem me chamou pra entrevista? Pois é, só universidades.
E aqui está a ironia: consegui mas não consegui. Essa entrevista foi dia 22 de junho. No mesmo dia, o presidente do EUA, Donald Trump, editou um decreto que proíbe a imigração legal no país até 2021, incluídos trabalhadores altamente qualificados. Como era de se esperar, uma semana depois, recebi um email lamentando que, após explorarem todas as opções, é impossível me contratarem com base nesse decreto (lá chamam de ordem executiva).
O famoso "ganhou mas não levou".
Obivamente, tudo isso traz um certo desapontamento. Afinal, as condições iniciais que me motivaram ainda estão presentes e a experiência de trabalhar por um tempo numa boa universidade nos EUA traria muito conhecimento técnico e pessoal pra mim, sem dúvida. E não teria do que reclamar nem do salário, que me pareceu mais do que razoável pro custo de vida local. Verdade que, em questão de atuação contra a COVID-19, não se trata de um lugar melhor do que o Brasil pra ir. Nem em questão de presidente... Mas ao menos lá, o presidente não é meu. E quiçá só dure mais 6 meses.
Mas não deu e é isso. Confesso que sigo feliz em ter conseguido a vaga. É um sinal de que ando conseguindo me manter atualizado e num bom nível técnico e constatar isso já é bacana.
Seguinte: durante a pandemia comecei a ter uma sensação enorme de frustração em relação ao Brasil. A forma como as coisas estavam (e, de certo modo, ainda estão) sendo conduzidas lá me deixaram muito agoniado. Não só pela preocupação com a família, amigos e colegas, mas a completa falta de perspectivas de um futuro melhor pós-pandemia. Claro, é sempre mais fácil melhorar quando se está na merda, mas os governos do Brasil 2020 (salvo algumas exceções) mostram que vivemos num poço recursivo (como vi um professor bem definir). Quando estamos no fundo do poço, cavamos e encontramos outro poço. E assim por diante.
Com esse sentimento de frustração, preso em casa pelo lockdown - e aqui não me permito não repetir: foi trancado mesmo! Aqui na Espanha não tinha essa de sair na rua se não fosse pra comprar comida ou remédio. E a polícia e o exército efetivamente controlavam quem tava na rua. E era multa. E na reincidênica, até cana. Dito isso, confirmo que fiquei em casa por até 4 dias seguidos sem nem descer até à portaria do prédio. E, nesse meio tempo, além de ler, ver filmes, desperdiçar tempo na internet, ver vídeos no youtube, comecei a enviar currículos para vagas que eventualmente recebo por email.
A idéia por trás era simples: já que já estou de licença sem remuneração por um ano, que tal arrumar algum trabalho pra poder estender a licença até os três anos máximos permitidos? Fico trabalhando em algum lugar qualquer e evito, portanto, meu retorno ao Brasil até janeiro de 2023 quando, se a distopia for interrompida, Bolsonaro não será mais presidente. Parecia uma boa ideia.
E foi assim que comecei mandando currículos. Alguns para vagas com pouca ou pouquíssima relação com a minha experiência e para outras com impressionante semelhança com o que sei fazer. E acabei conseguindo algumas entrevistas. Pra quem curte estatísticas:
- 5 currículos enviados
- 3 convites para entrevistas
- 2 envios ignorados
O sistema em que trabalho está longe de ser uma sistema grande, mas tecnologicamente é comparável até certo ponto a sistemas maiores e mais profissionais. E essa experiência é que interessou aos meus entrevistadores. É aquele negócio, não é uma área muito comum, então não são tantas as oportunidades. Mas como não é muito comum, também não é muito fácil de achar alguém com experiência nisso. Essa é a minha conclusão empírica e estatisticamente fraca sobre o assunto.
Mas e aí, quem me chamou pra entrevista? Pois é, só universidades.
- UNL (Universidade do Nebraska - Lincoln): 2 rodadas de entrevistas e não tive mais retorno.
- OIST (Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa): 1 entrevista e não tive mais retorno.
- UWM (Universidade de Wisconsin - Milwaukee): 2 rodadas de entrevistas, 1 chamada em vídeo para me informar que gostaram muito do meu desempenho e que eu tinha conseguido a vaga e depois um e-mail me informando que não poderiam mais me contratar.
E aqui está a ironia: consegui mas não consegui. Essa entrevista foi dia 22 de junho. No mesmo dia, o presidente do EUA, Donald Trump, editou um decreto que proíbe a imigração legal no país até 2021, incluídos trabalhadores altamente qualificados. Como era de se esperar, uma semana depois, recebi um email lamentando que, após explorarem todas as opções, é impossível me contratarem com base nesse decreto (lá chamam de ordem executiva).
O famoso "ganhou mas não levou".
Obivamente, tudo isso traz um certo desapontamento. Afinal, as condições iniciais que me motivaram ainda estão presentes e a experiência de trabalhar por um tempo numa boa universidade nos EUA traria muito conhecimento técnico e pessoal pra mim, sem dúvida. E não teria do que reclamar nem do salário, que me pareceu mais do que razoável pro custo de vida local. Verdade que, em questão de atuação contra a COVID-19, não se trata de um lugar melhor do que o Brasil pra ir. Nem em questão de presidente... Mas ao menos lá, o presidente não é meu. E quiçá só dure mais 6 meses.
Mas não deu e é isso. Confesso que sigo feliz em ter conseguido a vaga. É um sinal de que ando conseguindo me manter atualizado e num bom nível técnico e constatar isso já é bacana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário